sexta-feira, dezembro 04, 2009

DESIGN NÃO É CARIDADE - PARTE III
A Experimentadesign 2009, já terminou, e todos os projectos que participaram na mesma.
Durante o meu manifesto "Design não é caridade - Projecto Coca-Cola Light", recebi o apoio de inúmeras pessoas, que se identificaram com o manifesto, assim como de algumas entidades nacionais.
Recebi o apoio de algumas entidades, com um papel relevante, no destaque, apoio, e representação do design português. Recebi igualmente o parecer destas entidades sobre o projecto Coca-Cola Light, tendo sido este parecer enviado directamente para o meu e-mail pessoal. Destas entidades tive a promessa, que iriam confrontar a Experimentadesign/Coca-Cola Light, sobre as condições de trabalho "oferecidas" aos designers no referido projecto.
Prometeram...mas até á data, não recebi qualquer tipo de resposta, sobre os resultados deste "confronto", que visava perceber o porquê das condições de trabalho oferecidas aos designers neste projecto.
Não posso contudo deixar de demonstrar a minha profunda desilusão, por até á data não ter sido contactada para me informarem dos resultados deste "confonto...Já coloco a questão:Será que esse "confronto" foi mesmo realizado? Talvez o sistema nacional, politico, social não abone em favor deste tipo de "confontos"....Talvez precisem todos uns dos outros...não é politicamente correcto...
O projecto Efeito D( marca que comercializa objectos, cujas vendas revertem a favor de crianças com trissomia 21), também esteve presente, numa das exposições da experimentadesign. Esta marca contactou designers nacionais e estrangeiros, para desenharem peças (a titulo gratuito), para ajudar crianças com sindrome de down. Penso que todos nós designers participantes, o fizemos com todo o gosto do mundo, visto a causa ser tão nobre.
Mas a questão que aqui coloco não é esta...aos designers internacionais convidados pela marca, foi oferecido por parte da EXD(experimentadesign), a deslocação a Lisboa e respectiva estadia, para estarem presentes na inauguração da exposição da marca Efeito D.
Eu pergunto: Se a EXD teve verba para trazer os designers internacionais(participantes no projecto Efeito D) a Portugal e pagar-lhes a respectiva estadia e viagem ... Não haveria de haver uns "eurozitos" para pagar (somente) as despesas de produção aos designers(nacionais) para a recriação dos objectos da Campanha Coca-Cola Light?
Diferenças de tratamento entre designers nacionais e estrangeiros, não deveriam de acontecer de forma tão evidente...
O design português tem demasiado Glamour...mas pouca clareza nas atitudes.
Este testemunho é a continuação do seguinte texto ( design não é caridade parte II ).
Ver em baixo:

5 comentários:

Carlos D. disse...

O design português sofre do sindrome da democracia portuguesa..mostrar aos outros que sabemos receber muito bem e somos maravilhosos, que temos dinheiro, poder, etc ...e não respeitar e não dar o devido valor ao que é português, ao que é nosso eu chego até mesmo a dizer...menosprezando simplesmente o que há por cá.

Unknown disse...

Dá-lhe forte Naulila! ;)

Ricardo Machado disse...

Concordo com o que o carlos D. escreveu. É a atitude típica de quem quer agradar para ser bem visto e falado fora das terras lusas. chama-se a isso provincianismo das elites. é uma atitude previsível mas que não deixa de ser triste.

Quanto às estidades que te disseram que iam confrontar os responsáveis por essa acção deplorável, é mais do mesmo. Fica bem dizer para não fazer.

Joao Pedro disse...

Olá Naulila.
Nada que me admire o que escreveste em cima.Só te tenho a dizer que muitas das pessoas que te apoiaram no primeiro manifesto, se tivessem tido um convite da experimenta/coca cola, trabalhavam de graça, e nem que tivessem de pagar e muiTO! A experimenta e estas entidades sabem disso...portanto isto vai sempre continuar a acontecer... os designers nacionais ainda estão iludidos com este tipo de entidades..Acham que lhes vai mudar a carreira...estão enganados...e Muito!

P.s- As pessoas ás vezes têm de bater com a cabeça para aprenderem...

CatarinaLoureiro disse...

Infelizmente este protesto, como tantos outros neste país, caiu em saco roto para as entidades competentes. Enquanto a exposição decorria convinha mostrar que ouvimos toda a gente e respeitamos todas as posturas, agora que passou já não interessa nada.
Em relação à diferença de tratamento entre portugueses e estrangeiros, também não é novidade. E isso não acontece apenas das áreas culturais, na investigação cientifica, area em que trabalho, é exactamente igual. Faz-se um alarido quando vem cá o senhor investigador importante de Londres ou dos EUA e nós temos que pedir por favor para nos deixarem investigar. Estou neste momento a fazer tese de mestado, numa área nova, onde somos pioneiros, e não tenho nenhuma ajuda financeira. Todas as despesas do trabalho de campo que tenho que fazer ( e que é muito) são pagas por mim, todas as deslocações para pesquisa idem aspas. E no final é produção cientifica para o pais e para a universidade.
Eu diria que o que é nacional é bom, mas só se for de graça!
Catarina